O Serviço de Intendência
O Serviço de Intendência é a parte da logística voltada para as atividades de suprimento. Ele distribui o material de intendência (uniformes, equipamentos individuais, etc) e os diversos tipos de munição e de gêneros alimentícios. Proporciona também, em operações, outros serviços como lavanderia e banho. Nas organizações militares os intendentes assessoram os comandantes na administração financeira e na contabilidade.
Incansável e tenaz, a Rainha da Logística realiza um serviço cotidiano e ininterrupto, transportando, suprindo e alimentando. A satisfação da tropa apoiada é o seu maior objetivo. Por isso mesmo, é respeitada e admirada pela sua capacidade de trabalho.
A evolução do material de Intendência é essencialmente dinâmica. Estudos são realizados permanentemente, com o objetivo de aperfeiçoá-lo.
O símbolo
Originário da Grécia e da Itália, o acanto é uma planta espinhosa, de flores brilhantes, cujas folhas compridas, verdes e recortadas, são muito decorativas. Foram largamente utilizadas, como motivos arquitetônicos, em construções de templos e monumentos sacros. Por isso, com o tempo, a folha de acanto passou a ser associada à pureza e à honestidade.
Consta que esse simbolismo permaneceu nas legiões guerreiras de Roma. Os magistrados nomeados para cuidar das finanças militares autenticavam documentos com um sinete que tinha as características da folha do acanto. Na Ilíada, de Homero, também está registrado que, na guerra de Troia, os reis incumbiam oficiais de alta patente pela guarda e gestão dos fundos destinados ao pagamento dos soldados e das demais despesas da campanha. Esses oficiais, nos acampamentos, utilizavam a folha de acanto – por ser grande, ornamental, e, sobretudo, porque amarelava com facilidade – para identificar suas barracas. Assim, em situações emergenciais, eles eram facilmente localizados.
Finalmente, na França, para exercer a administração e controlar a ação dos chefes de exército, foram criados os intendentes; homens que prestavam contas diretamente ao rei. A nomeação destes, para fazer revistas nos regimentos formados, para verificar existência e quantidade de homens e equipamentos, era por escolha entre os nobres de honra ilibada e pureza comprovada. E a Intendência passou então a fazer parte do quadro do Exército no país, tendo o acanto como símbolo do caráter e perfeição moral dos que lidam com o dinheiro público.
Em 1920, com a vinda da Missão Militar Francesa, foi criada a Intendência do Exército Brasileiro; que também ganhou como símbolo a folha de acanto.
Cabe ao Serviço de Intendência atender aos objetivos do Exército Brasileiro no que se refere a atividades logísticas que convergem para o planejamento correto e o provimento oportuno, nos locais determinados e nas quantidades e especificações exigidas. Respeitada e admirada por sua capacidade de trabalho, a Rainha da Logística realiza um serviço cotidiano e ininterrupto, transportando, suprindo e alimentando.
O patrono do Serviço de Intendência é o Marechal Bitencourt.
O Quadro de Material Bélico
O Quadro de Material Bélico realiza o apoio logístico voltado para a manutenção do material bélico, principalmente, os armamentos, as viaturas e as aeronaves. Inclui-se aí, o suprimento de peças e conjuntos de reparação destinados a esses materiais. Cuida ainda, do suprimento de combustíveis, óleos, graxas e lubrificantes para motores e máquinas.
O Exército Brasileiro criou o Quadro de Material Bélico (QMB), em decorrência da participação brasileira na II Guerra Mundial. Segundo estudiosos de história militar, a última grande guerra teria sido vencida, principalmente, pela Logística. Graças a esta, os blindados de Patton e as viaturas de Bradley mantiveram-se em estado permanente de disponibilidade. Essa eficácia operacional resultou da capacidade dos exércitos aliados de manterem seus veículos em funcionamento quase ininterruptamente. A Força Expedicionária Brasileira pôde comprovar, naquela ocasião, esses exemplares padrões de manutenção e suprimento. Portanto, dessas lições históricas veio a criação do QMB.
A assertiva do imperador francês Napoleão Bonaparte "Os exércitos marcham sobre seus estômagos" ganhou roupagem nova na guerra moderna de armas tecnologicamente sofisticadas. Na verdade, podemos afirmar que, conforme têm demonstrado os conflitos recentes, "os exércitos marcham sobre seu apoio logístico".
De 1959 até os dias atuais, muito se fez pela evolução do Quadro de Material Bélico. O desafio, agora, é dar continuidade a esse esforço evolutivo. Para isso, dispomos de muitos casos por estudar, como, por exemplo, as experiências de forças brasileiras em Moçambique e em Angola, na presente década.
Devemos ter em mente que a má logística do material pode resultar em derrota militar e em efeitos devastadores sobre o moral da tropa. O sucesso na guerra depende, em grande parte, do apoio logístico.
E, dessa infraestrutura logística eficiente e rápida, destacamos, hoje, as atividades de manutenção, transporte e suprimento de material bélico.
Evolução Doutrinária do Quadro de Material Bélico
O desenvolvimento de uma doutrina específica para o emprego do Quadro de Material Bélico baseou-se, inicialmente, na Portaria nº 155 – Reservada, de 31 de outubro de 1962, que se referia à organização do Material Bélico.
Durante vários anos, manuais estrangeiros adaptados à realidade brasileira foram utilizados nos cursos de formação e aperfeiçoamento de Material Bélico.
Em 1982, foi editado o Manual C 9-7 – Companhia de Material Bélico do Batalhão Logístico, primeiro documento a regular o emprego em campanha de uma organização militar do Quadro. Dois anos depois, surgia o C 29-15 – Batalhão Logístico.
Em 1986, foi editado o Manual de Campanha C 9-1 – Emprego do Material Bélico, com doutrina que preconizava para o Quadro as seguintes missões:
Em 1993, o Manual C 100-10 – Logística Militar Terrestre adotou uma visão sistêmica da logística (aprofundada, posteriormente, pelo novo C 100 – 5 – Operações, edição 1997), que estabeleceu, como apoio logístico ao combate, as missões de prever, prover e manter a Força nas áreas de material e pessoal.
(Texto baseado em artigos publicados na revista "Material Bélico" – Mais de dois séculos de História, da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais.)
O Material Bélico e a Logística: vitais para os exércitos!
Os últimos conflitos ratificaram a importância cada vez maior do papel da Logística como interface entre todos os níveis do espectro estratégico-operacional. Mais do que multiplicador de combate, a Logística passou a ser definidora do curso das guerras.
No próximo século, os exércitos evoluirão à medida que sejam capazes de assimilar doutrina e organização modernas, bem como treinamento e uso intensivo de tecnologia avançada. A Logística militar do século XXI terá como características fundamentais: agilidade, visibilidade, flexibilidade, confiabilidade, previsão e pronta resposta, sendo também fruto de relacionamento com a indústria e a pesquisa.
No Exército Brasileiro, como resposta às necessidades de integração e racionalização, o Departamento Logístico, oriundo da fusão do Departamento de Material Bélico e do Departamento-Geral de Serviços, passa a realizar de forma centralizada todas as funções logísticas (prever, prover e manter) relativas à área do material, por meio de diretorias identificadas com as atividades de suprimento, transporte, mobilização e manutenção.
O Quadro de Material Bélico vem reunindo experiências diversificadas que solidificaram seu papel no apoio logístico às operações militares, tomando parte de exercícios de adestramento em todos os rincões do País e contribuindo para a preparação das tropas brasileiras enviadas ao estrangeiro em missões de paz. Igualmente vem constituindo peça fundamental na supervisão e execução rotineiras de manutenção e fornecimento de suprimentos.
O patrono do Quadro de Material Bélico é o Tenente-General Napion.
O Serviço de Saúde
O Serviço de Saúde preocupa-se com a higidez dos militares do Exército, em combate ou não. As organizações militares possuem uma Seção de Saúde, com médicos, dentistas e enfermeiros, onde tem início o apoio médico-odontológico. Os hospitais-gerais e os de guarnição acolhem os enfermos mais graves, dando prosseguimento à sua recuperação e evacuação, até ao Hospital Central do Exército. Os profissionais de carreira passam pela Escola de Saúde do Exército, no Rio de Janeiro.
O Sistema de Saúde do Exército, responsável por prover assistência médico-hospitalar a militares e seus dependentes, seja em tempo de paz ou de guerra, também possui como encargos a seleção dos que vão compor o Corpo de Médicos, Odontólogos e Farmacêuticos; a manutenção do material de saúde e a medicina preventiva para seus beneficiários. É estruturado em 545 seções de Saúde instaladas em organizações militares da Força; 23 postos médicos de Guarnição; quatro policlínicas militares; 15 hospitais de Guarnição; 11 hospitais-gerais e ainda o Hospital Central do Exército.
Ainda devem ser destacados a Escola de Saúde do Exército, encarregada da formação de pessoal de Saúde; o Instituto de Biologia do Exército, das pesquisas biológicas; e o Laboratório Químico Farmacêutico do Exército, da produção de medicamentos.
A estrutura é complementada pelo Fundo de Saúde do Exército, que efetiva contratos e credenciamentos com organizações civis e profissionais autônomos da área de Saúde.
Inovações na área médica
Foram criados, nos últimos anos, nas diversas organizações militares de Saúde, serviços de neonatologia, unidades de tratamento intensivo, unidades coronarianas, centros de recuperação cardiológica, entre outros. Também foram adquiridos equipamentos de tecnologia de ponta, capacitando as organizações militares de saúde (OMS) a realizar microcirurgia oftalmológica, tomografia computadorizada, ultra-sonografia, endoscopia, densitometria óssea, ressonância magnética e medicina nuclear.
O avanço tecnológico permitiu, ainda, o uso da telemedicina para elaboração de diagnóstico a distância.
O Serviço de Saúde do Exército efetua, anualmente, mais de cinco milhões de atendimentos.
Sempre a missão de salvar!
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